Frequentemente surge, em grupos de discussão sobre parto humanizado da internet, o polêmico tema “valores do parto humanizado”. Quanto custa um parto humanizado hospitalar? E domiciliar? Quais são as opções de lugares para parir em paz? Quais são e quanto custa o serviço desses profissionais, sejam Enfermeiras Obstétricas, Obstetrizes, Ginecologistas Obstetras ou Pediatras Neonatal?
Os grupos do Facebook são extremamente importantes para a informação a respeito dessas questões e muitas, mas muitas mesmo, mulheres estão lá, dispostas a “perder” seu tempo esclarecendo outras mulheres que buscam parir com respeito e protagonismo. Muitas dessas mulheres, inclusive, são essas profissionais do parto humanizado.
O fato é: surgem comentários e discussões acerca dos valores cobrados por uma assistência humanizada e muita gente DECRETA esses valores como altos demais. A grande questão é que essas pessoas não costumam estar envolvidas diretamente com o movimento de humanização do parto, não possuem uma ligação direta com a causa, assim como, sua gama de informações e análise dos fatos é limitada. Limitada no sentido de não envolvimento efetivo, vivenciando todos os processos e questões da humanização do parto.
Convenhamos, todo mundo tem contas a pagar. Todos nós nos esforçamos, seja qual for a área de atuação, para sermos bons profissionais e financeiramente reconhecidos, afinal temos família, filhos, contas, casa… Seria cômico se não fosse trágico, mas as pessoas esquecem que para uma pessoa se formar em medicina, fazer especialização, ingressar na carreira e ter seu leque de pacientes precisou investir muito dinheiro, tempo (que também é dinheiro!) e esforço! Uma mulher, para se tornar doula, precisou investir também muito dinheiro em curso de formação, cursos de especialização, cursos de reciclagem, simpósios, work shops….. Somos prestadoras de serviço e a barganha sobre o valor cobrado por eles se tornou comum demais, afinal nós “não temos custos com matéria prima”. Sem contar as consultorias, sim consultorias, que são dadas gratuitamente via internet através desses grupos, e-mails, skipe e outros meios. Essas pessoas da humanização do parto estão SEMPRE disponíveis a responder questões e orientar muitas mulheres e casais a conseguirem parir com respeito e amor. Tudo isso sem cobrar um único vintém!
Todos os argumentos acima não excluem a possibilidade de um trabalho voluntário e de facilitação no pagamento do serviço prestado. Muitos desses profissionais fazem isso, mas não precisam divulgar aos quatro cantos que fazem voluntariado, numa atitude de humildade e abnegação. Só que não dá pra fazer voluntariado pra todo mundo. Todos nós temos contas a pagar. Cada um sabe o quanto custou para chegar onde está e tem o direito de colocar o preço que achar justo pelo serviço que presta.
Então, por favor, vamos para com esse MIMIMI e desmistificar essa idéia de que todos que trabalham com a humanização do nascimento devem trabalhar de graça ou por um preço muito baixo. Continuar reclamando dos valores, das posturas, sem se envolver e buscar o que deseja, JAMAIS solucionará suas questões/ problemas.
Ser ativista de sofá é muito cômodo, todos são! Mas são poucos aqueles que se esforçam em participar das marchas, dos encontros, das discussões, dos debates, cara a cara.
Antes de reclamar, de fazer MIMIMI, apareça! Junte-se a nós! Estamos nessa luta para o bem comum, também acreditamos que o serviço público deve oferecer exatamente ou mais do que os profissionais humanizados oferecem, estando muitos deles lutando para isso.
Mônica Minussi é Doula, Ativista (sem sofá) pela humanização do parto, mãe de uma estrelinha que está no céu e da Maitê.
Muito boa, Mônica!
Concordo contigo!