Na cartilha do ministério da saúde, existem muitas diretrizes para a humanização da assistência ao parto, apesar de muitas delas não serem seguidas. Para ler, clique aqui
Então, cabe a quem, exigir que os direitos de uma assistência ao parto sejam cumpridos?
Primeiro, tem que partir da mulher.
Como já disse, quem não sabe pra onde ir, qualquer caminho serve.
E qualquer caminho, significa o modo como eu filho vai chegar ao mundo.
Então é muito importante se informar e fazer garantir seus direitos.
Mas por onde começar?
Uma doula pode ajudar e muito, na busca por informações.
Pode te ajudar a lembrar das escolhas feitas no auge do trabalho de parto, te encorajar a continuar.
Pode te ajudar a ter sucesso na amamentação.
Na própria cartilha do Ministério da Saúde, há um capítulo inteiro sobre as doulas, conforme transcrito abaixo:
Acompanhamento no parto (doula)
Além do acompanhamento pelo parente ou companheiro, existe também o acompanhamento per outra pessoa, com ou sem treinamento específico para isto, a doula. Ela presta constante apoio a gestante e seu companheiro/acompanhante durante o trabalho de parto, encorajando, aconselhando medidas para seu conforto, proporcionando e orientando contato físico e explicando sobre o progresso do trabalho de parto e procedimentos obstétricos que devem ser realizados.
Diversos ensaios clínicos aleatorizados sugerem que o acompanhamento da parturiente pela doula reduz a duração do trabalho de parto, o use de medicações para alívio da dor e o número de partos operatórios. Alguns estudos também mostram a redução do número de cesáreas.
Além destas vantagens, também é observado que os grupos de parturientes acompanhadas durante o parto pela doula têm menos depressão pós-parto e amamentam seus recém-nascidos nas primeiras seis semanas de vida em maior proporção que as parturientes dos grupos de controle.
A presença de uma pessoa treinada para acompanhamento do trabalho de parto não e cara e não requer infra-estrutura ou aparelhagem especifica. Evidentemente, também não tem qualquer contra-indicação. O treinamento pode ser feito tanto entre o próprio pessoal profissional das maternidades, como entre indivíduos da comunidade. A opção por qualquer uma destas alternativas deve depender, pelo menos por enquanto, da disponibilidade e estratégia adotada localmente.
Recentemente, uma revisão sistemática sobre a prática de um suporte social contínuo, incluindo conselhos e informações, assistência e apoio emocional, durante todo o trabalho de parto, fornecido às mulheres por profissionais de saúde ou pessoas leigas, comparativamente a uma assistência padrão sem estas características, concluiu que este tipo de apoio parece ter vários benefícios para as mães e seus recém nascidos, sem nenhum efeito danoso. Tal apoio emocional pressupõe, entre ambos envolvidos, a presença, o escutar, o dar segurança e afirmação.
Avaliando 14 ensaios clínicos envolvendo mais de 5 mil mulheres de países tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento, esta intervenção esteve associada à redução da necessidade de medicação para alívio da dor, do parto vaginal operatório, da cesárea e do depressão neonatal, além de uma leve redução na duração do trabalho de parto. Quando os estudos avaliaram os efeitos desta intervenção sobre a vivência das mulheres quanto ao nascimento, todos os resultados foram favoráveis ao grupo recebendo este apoio contínuo. As pessoas fornecendo este tipo de apoio eram todas mulheres e com experiência seja porque tinham já dado à luz ou tido treinamento como enfermeiras, obstetrizes, doulas ou educadoras em saúde.
Apesar de sugerirem também um efeito benéfico a longo prazo sobre a saúde física e psicossocial das mulheres e sobre o aleitamento materno, as evidências não são definitivas a este respeito. Não se conhece também ainda qual profissional ou leigo teria melhor desempenho exercendo esta intervenção, nem seu efeito a longo prazo sobre a saúde dos recém-nascidos.
Dessa forma, dados os inequívocos benefícios e a ausência de riscos associados ao apoio contínuo durante o trabalho de parto, todos os esforços deveriam ser feitos no sentido de garantir que toda mulher em trabalho de parto o recebesse. Ele deveria incluir a presença contínua da pessoa escolhida para acompanhá-la, capaz de transmitir-lhe conforto e encorajamento. Éevidente que em algumas circunstâncias isto poderia significar a necessidade de alterar as atribuições de profissionais como enfermeiras e obstetrizes; de programas de educação continuada para o ensino e prática destas atividades; de modificações na estruturação e composição da equipe profissional das unidades que assistem às mulheres em trabalho de parto; e da adoção de políticos institucionais que permitissem e estimulassem a presença de pessoas leigas experientes ao lado das parturientes.
Em que pesem todas as experiências recentes, tanto internacionais como brasileiras, de estímulo ao parto domiciliar (por opção e não por falta dela) nas situações de gestação de baixo risco, não existe ainda nenhuma evidência científica demonstrando qualquer claro benefício sobre a saúde da mulher ou do recém-nascido desta intervenção, com relação ao parto institucional.
É sabido, porém, que o apoio social em casa, para as gestantes socialmente desfavorecidas, comparativamente à ausência deste apoio, associa-se com melhores resultados da saúde da criança e sobre a experiência vivida. Não se sabe, contudo, se a concomitância destas intervenções para o mesmo grupo de mulheres possa ter um efeito benéfico aditivo.
Atribuições da *doula treinada
A *doula treinada, além do apoio emocional, deve fornecer informações à parturiente sobre todo o desenrolar do trabalho de parto e parto, intervenções e procedimentos necessários, para que a mulher possa participar de fato das decisões acerca das condutas a serem tomadas durante este período. Durante o trabalho de parto e parto, a doula*:
• orienta a mulher a assumir a posição que mais lhe agrade durante as contrações;
• favorece a manutenção de um ambiente tranqüilo e acolhedor, com silêncio e privacidade;
• auxilia na utilização de técnicas respiratórias, massagens e banhos mornos;
• orienta a mulher sobre os métodos para o alívio da dor que podem ser utilizados, se necessários;
• estimula a participação do marido ou companheiro em todo o processo; e
• apoia e orienta a mulher durante todo o período expulsivo,incluindo a possibilidade da liberdade de escolha quanto à posição a ser adotada.
Após o nascimento, a *doula ainda:
• informa e orienta a mulher quanto à dequitação e ao clampeamento do cordão;
• estimula a colocação do recém-nascido sobre o abdome materno, num contato pele a pele, estimulando o início da sucção ao peito materno e favorecendo o vínculo afetivo mãe-filho; e
• posteriormente, informa e orienta também quanto ao início e manutenção do aleitamento materno.
Todas estas atividades, além de melhorar a vivência experimentada pelas mulheres que dão à luz, parecem ter uma influência direta e positiva sobre a saúde das mulheres e dos recém-nascidos. Devem, portanto, ser estimuladas em todas as situações possíveis. Ao mesmo tempo, tais medidas deveriam ser objeto de estudos detalhados sobre sua efetividade em diferentes contextos, com o objetivo de aumentar o conhecimento real de seus efeitos sobre a saúde.
* aqui substituimos a palavra “acompanhante treinada” por “doula treinada”,afinal entendemos que o acompanhante é o parceiro, ou alguém da família da parturiente, e a doula, faz parte da equipe escolhida (ou não) por ela.
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