Eu e Manu trabalhamos juntas. Nos conhecemos há 10 anos. Nunca pensei que Manu fosse querer ser mãe. Até o dia do seu casamento com Teddy. Aquela foi uma noite de muitas surpresas para mim e para muitos de nossos amigos.
Manu e Teddy se casaram na Ilha Bela. Numa cerimônia única. Para poucos amigos e familiares. No pier, à luz de velas, ao som das ondas quebrando no pier. Foi romântico. O que eu menos esperava foi o que mais me surpreendeu. Manu casou de branco. De véu. Linda.
O amor entre estes dois era quase palpável, de tão nítido. Mas a maior supresa estava por vir. Lá pelo fim da noite, durante a festa, Manu se divertia com os sobrinhos do Teddy, agora seus sobrinhos, como eu nunca poderia imaginar. Dançava com os bebês, carregava-os com carinho… era uma titia perfeita!! Ali, naquele momento eu tive certeza que Manu seria mãe. E que surpresa grata 🙂
No dia 08 de maio, Manu que escreve para o blog Casa da Ideia artigos sobre decoração, fez um post sobre quartos de bebê. Ahhh eu não resisti e logo joguei a idéia de que ela estava muito animada escrevendo sobre quartos de bebê! Na hora, desconfiei…
No dia 12 de maio, ela manda um convite para alguns amigos para conhecer a casa nova dela. Aí não aguentei e disse: Manu você está grávida!!!! E ela não abriu o jogo. Fomos até a casa dela no dia 15 de maio para o churrasco!! Chegando lá, Manu com uma baita cartolina cor-de-rosa e várias canetinhas coloridas, pediu para que a gente escrevesse sugestões de nomes de menina!!! Ahhhh…. eu sabia…..:)
Neste encontro, haviam duas amigas dela que já eram pacientes da Dra Andrea e que diziam para ela que se ela quisesse um parto normal, precisava procurar um médico humanizado. Manu, que tinha uma ginecologista em quem confiava muito dizia que preferia ficar com sua médica mesmo, e que ela adepta de parto normal. Bom, resolvi não falar nada. Já perdi várias amigas por ficar falando de parto….
Passados alguns meses, ela me escreveu dizendo que tinha passado com outras duas obstetras, e que tinha gostado muito da Andrea. Fiquei tão feliz!!!!!!!
Havia se informado muito, e de repente soltou um “eu não sou buldog pra fazer cesárea!”. Isso deu até um post aqui no blog. Vocês lembram??
Foi um caminho percorrido junto ao Teddy rumo ao seu parto humanizado. Foi muito gostoso acompanhar este processo junto com ela!! Disse que gostaria muito de ser sua doula, mas ela ainda não sabia se iria querer uma. OK, na hora fiquei meio tristinha, mas entendi.
E fomos conversando muito pela internet. Sobre dúvidas, sobre desejos. Até sobre parto domiciliar. Ela queria, mas a Andrea não acompanha mais parto domiciliar, e ela havia criado um vinculo forte com a obstetra. Então por isso, acabou decidindo ir para o Sao Luiz.
Um dia, ela me disse que queria sim que eu fosse sua doula!! Ahhhhhh ela não sabe o quanto fiquei feliz… 🙂
E foi assim…. fui acompanhando sua gestação, estive duas vezes em sua casa antes do dia do trabalho de parto. A ultima foi vez foi no dia 10 de novembro pra fazer sua barriga de gesso, 3 dias antes da Manu entrar em trabalho de parto.
Era onze da noite do dia 13 de novembro quando Manuela me ligou. Ela já tinha tido uns dois ou três episódios de pródomos. Então não tinha certeza se era o trabalho de parto ou não…. Mas, a voz dela mostrava que sim. Provavelmente ainda em fase latente, mas aquela respiração ofegante, que só as mulheres que sentem as contrações de um verdadeiro trabalho de parto possuem.
Pedi para que ela entrasse no chuveiro, ou na banheira, deitasse para ver se o padrão das contrações mudavam e que me retornasse a ligação em uma hora.
Eu tinha acabado de sair do banho e ia dormir. Mas fiquei com aquela voz diferente dela na cabeça e resolvi arrumar minha bolsa da doula, secar o cabelo e me trocar. Teddy me retornou após uma hora conforme o combinado. “Gi as contrações apertaram. Estavam de 4 em 4 agora estão de 2 em 2 minutos”. Resolvi ir para lá. Pedi que ele ficasse calmo, e que em uma hora estaria lá.
No meio do caminho Teddy me ligou, disse que haviam ligado para a Cris (obstetriz que eles conheceram lá na casa Moara) pedindo que ela fosse avaliar a Manu (estavam preocupados com o intervalo das contrações de 2 em 2 minutos) e a Cris constatou que era inicio de trabalho de parto, e que a dilatação estava em um centímetro. As contrações desregularam. Teddy ainda disse: alarme falso. Eu lembro de ter perguntado a ele: Já estou no meio de caminho. Vocês querem que eu volte? E ele respondeu: Não sei. E riu. Então eu disse que já estava no meio do caminho, que iria para São Paulo mesmo assim. Aquela voz da Manuela ao telefone não saía da minha cabeça.
Cheguei na casa deles, era uma e meia da manhã de segunda feira, dia 14 de novembro. Enconteri o Teddy super calmo, e a Manu na cama, querendo dormir, sem conseguir. Estava com uma bolsa de água quente nas costas. A Cris tinha acabado de sair de lá. Conversei com a Manu sobre ansiedade, que o trabalho de parto não iria evoluir assim, em uma hora, e parir. OK acontece. Mas é raro. Começamos a acompanhar a frequencia das contrações e estavam em média em 5 minutos cada uma. Falei para ela que seria importante ela dormir, para ter energias para quando o trabalho de parto realmente pegasse rítmo. E ela me disse “dormir como com essas dores?”. Tentamos então, achar outras posições para que ela pudesse descansar. Nada parecia conforta-la. Percebi que os dois queriam ficar sozinhos. Acho que mais o Teddy…. então fui para o quarto que eles haviam preparado para mim, e disse para que me chamassem se precisassem. Após uma meia hora, o padrão de som que a Manu estava fazendo mudou. Então fui até o quarto. Ela disse que estavam mais fortes, e que estava dificil dormir. Então sugeri que ela fosse para a banheira.
Teddy prontamete encheu a banheira e deixou numa temperatura agradável. Era umas duas e meia da manhã quando Manuela entrou na banheira. Coloquei camomila, erva-doce e erva cidreira na água. Ela adorou o cheiro, especialmente da erva cidreira. E por ali ficou. Por horas…. Foi muito bom para ela. Ela conseguiu relaxar, conseguia cochilar entre as contrações. A Manu foi uma das minha doulanda mais conscientes até agora. Ela sabia que precisava dormir e se esforçou para isso. Sabia que precisava se manter hidratada e alimentada e se esforçou. Mesmo quando não tinha vontade. Ela se manteve relaxada em quase todas as contrações. Sem contrair ombros, sem contrair face. Foi muito bonito ve-la entregue ao processo, aceitando e abraçando cada onda de contração. Sugeri ao Teddy para fazer um chá de camomila para ela, que poderia ajudar a relaxar e dormir entre as contrações. Coloquei músicas relaxantes para tocar. Ela tomou o chá, imersa na água quente da banheira e relaxou….
Sugeri diversas vezes para o Teddy ir dormir. Ele não quiz… foi super participativo. Então algumas vezes eu os deixava sozinhos no banheiro. Manu pediu ventilador, pediu para abrir a janela pois estava com calor. Lá pelas 04:30 da manhã o Teddy acendeu uma vela e colocou na janela do banheiro, o que deixou o ambiente mais aconchegante ainda.
Manu ficou na banheira até umas 6 ou 7 da manhã. Depois foi para a cama. Fiquei impressionada o quanto ela estava focada em descansar o máximo que pudesse. O quanto ela queria seguir as orientações e tudo o que tinha lido a respeito. Foi para cama, deitou de lado, e ficou ali, com as contrações já de 3 em 3 minutos. Eu massageava sua lombar a cada contração, e Teddy colocava a bolsa de água quente no “pé da barriga” para aliviar.
Por volta de 08:30 da manhã a ajudante da Manu chegou. Aproveitei para avisá-la que Manu estava em trabalho de parto, ao que ela me perguntou: “então ela já vai pra maternidade?” – eu sorri e respondi “ainda não”.
Aproveitei para preparar um café da manhã para os dois e levei até o quarto. Mais uma vez, Manu se alimentou um pouco para garantir energias para o final. 🙂
Era quase dez horas da manhã, falei pro Teddy enviar um torpedo para Cris, avisando que o trabalho de parto não havia parado, estava progredindo e que seria bacana uma avaliação.
Como a Cris não respondeu o torpedo liguei para ela. Fui até o andar de baixo da casa, e expliquei para ela como tinha sido a evolução. Que eu achava que a Manu devia estar com uns 5 ou 6 cm pelo andar da carruagem. E ela disse que iria novamente até lá para avalia-la.
Acendi o difusor e coloquei um oleo de canela com tangerina, que deixou o quarto com um cheirinho diferente. Novamente coloquei a música para tocar. Fechei a porta e fui esquentar mais água quente para a bolsa, deixando-os sozinhos.
Cris chegou por volta de 11 horas na casa da Manu. Examinou e constatou que estava quase com 7 cm de dilatação! E Manu estava indo muito bem. Só não contou para ela com quanto ela estava, mas disse: Manu evoluiu muuuuuuuuito. Valeu a pena a madrugada. Vou ouvir o coraçãozinho dela e depois vamos pro São Luiz, OK?
Manu ficou tão feliz, que chorou. Deixou toda aquela expectativa extravasar em um choro de alívio.
Então ajudamos Manu a se trocar, recolhi minhas coisas (ou melhor, parte delas), avisamos a Dra Andréa e fomos para o São Luiz. Era véspera de feriado, e o trânsito estava calmo, fluindo. Era bom que fossemos, porque a fase de transição iria começar e entrar num carro e ficar sentada num espaço confinado durante a fase de transição não seria nada agradável.
Chegamos no São Luiz era umas 11:30. A recepcionista não entendeu que Manu estava em trabalho de parto e perguntou: Está agendado? É só aguardar! – Eu sorri para ela e respondi: Não querida. Ela está em trabalho de parto, já com 7 cm de dilatação. Consegue agilizar? E ela ficou ali, parada, estupefata, com cara de “como assim?”. Então Manu sentiu que estava vindo uma outra contraçao e avisou: “eu vou gritar” hahaha – foi hilário a cara dela. Então a contração veio… forte, na frente de todos os engomadinhos que estavam ali fazendo internação de cesárea agendada e imediatamente apareceu um segurança com uma cadeira de rodas. A recepcionista que tinha ficado sem fala disse: vamos, vamos. E eu respondi: Agora vamos esperar a contração parar.
Não adianta. Nenhum hospital por melhor que seja está preparado para receber as mulheres em trabalho de parto. Os hospitais privados, menos ainda. Quando recebem, não sabem como agir. Lamentável.
Após esse episódio na recepção, fomos para a sala de admissão. A Cris chegou em seguida. Manu fez o primeiro caridotoco de toda gestação (e único). Não houve exame de toque, a Cris já foi avisando que ela já tinha feito. O hospital liberou a suite PPP – ou a delivery como chamam – a sala de parto natural. Subimos. Enchemos a banheira, e de lá Manu só saiu com sua pequena sereia no colo. 🙂
Perguntei ao Teddy se ele tinha levado sunga. Ele respondeu que sim. Então sugeri que ele entrasse com ela. Seria melhor para ajuda-la a se posicionar.
As contrações foram ficando cada vez mais intensas. Logo a Dra Andrea chegou. Apesar do progresso estar indo muito bem, Alice ainda estava muito alta. Foi então, que naturalmente a bolsa estourou, ali mesmo na banheira. Manu percebeu e nos avisou. Vimos uma boa quantidade de líquido amniótico, bem clarinho se misturar à agua. E então, as contrações ficaram muito mais fortes, Manu tentava encontrar uma posição mas todas estavam muito desconfortáveis. Sugerimos várias posições para ela. Foram mais duas horas assim: Muda posição, descansa, tenta nova posição, descansa. Escuta o coração da Alice. Descansa… Essa fase foi mais tensa que a fase em casa.
Até que a Andréa (obstetra) sugeriu o banco de parto. Mas Manu não queria sair da água. Então sugerimos tentar colocar o banco de parto dentro da banheira.
Ligamos os registros para que a água cobrisse o máximo possível do banco e do corpo da Manu, de forma que se a Alice coroasse ficasse com a cabeça sob água conforme orientação da Andrea. O pediatra, Douglas chegou. Manu estava mais confortável, mas reclamava que o sacro doía demais. A dor da contração não a incomodava, mas a do sacro…. ela dizia que parecia que Alice sairia pelas costas. Então a cada contração, Teddy a apoiava pelas axilas, e eu ou a Cris fazíamos massagem em sua lombar.
Estava sozinha com eles no banheiro quando percebi que Alice estava coroando. Avisei Andrea e o Douglas. Acho que a Cris também estava lá. Peguei correndo a maquina fotográfica e quando voltei ao banheiro, ela já estava praticamente coroada. Dr Douglas e Cris a ajudaram a sair do banco de parto e acocorar na banheira. Foi lindo ver.
Alice foi coroando e descendo, sem nenhum esforço, sem ninguém precisar tocar ou puxar. Foi girando.
Suavemente sua cabecinha envolta por cabelinhos escuros apareceu. Depois os ombros e ela então, às 14:37 do dia 14 de novembro de 2011, mergulhou para a água quentinha da banheira. Rosa, cheia de dobrinhas, redondinha.
Dra Andrea a aparou e após alguns segundos a entregou para Manu. Foi um momento de comoção total. Teddy e Manu choravam. Eu me emocionei. Não sei nem se o vídeo que tentei fazer ficou bom… Dr. Douglas colocou uma fraldinha quente sobre o corpinho da Alice, e pacientemente ficou ali, com um copinho descartável jogando água quentinha em seu corpo. Ela espirrou bastante, tossiu para liberar todos as secreções de seu corpinho. Mostrou para Manu e para o Teddy como ela tinha um tonus muscular bom!
lindo. lindo. lindo!!!!! ual*
Emocionante demais lindo..lindo…Parabéns à você que relatou tão lindo
este acontecimento tão importante e parabéns e essa maezonha linda e sua pequena Alice muita saúde e paz e muito amor. bjs Valéria Gameiro
Nossa lindo demais!!! Parabéns Manu, Teddy e Gi!!!! Grande beijo…
Sensacional!!! 🙂