Essa é uma história inspiradora. A história de Aline, Junior e Ana Beatriz. Uma história, que tinha um roteiro perfeito para terminar em uma cesárea: Um GO tradicional, professor de universidade, um trabalho de parto com longos pródromos e longa fase latente. Mas não acabou em uma cesárea desnecessária, porque Aline prestou atenção aos “sinais” e seguiu sua intuição.
Aline vai contar essa história sobre a sua ótica, então para não ter 3 versões vou esperar que ela escreva. Mas para deixar ter uma idéia nos conhecemos dois dias antes dela entrar em trabalho de parto. Ela conheceu a parteira 5 horas antes de parir, e a obstetra e a pediatra ela conheceu pessoalmente uma hora antes da Ana Beatriz nascer.
Como essa história é muito inspiradora, vou colocar aqui o relato da fotógrafa, Kelly Stein, que foi a responsável por retirar Aline da Matrix Obstétrica e apresentá-la ao mundo da Humanização do Parto.
Aline e Junior, à vocês, toda minha gratidão e admiração. São poucas mulheres, poucos casais que mudam assim o rumo da sua história de forma tão rápida e intensa! A história de vocês com certeza inspirará muitas outras mulheres e casais a construirem seu parto digno, respeitoso e transformador. Muito obrigada pelo carinho, confiança e entrega. Muito obrigada. 🙂
Relato de Parto por Kelly Stein, a fotógrafa, que também se saiu uma linda doula entre um clique e outro 😉
Aline estava apaixonada pelo médico fofo que jurava de pé junto que era a favor do PN – tinha um discurso que até a mim convenceria se eu não tivesse saído dessa matrix, onde a maioria das mães se esconde.
Eu com a pulga atrás da orelha, perguntei p/ médicas de Campinas. Resposta uníssona: cesarista.
Aí, qdo ela completou 38 semanas, médico fofo viajou e deixou dois backups. Ela passou em um e odiou. Entrou em contato comigo sem saber o que fazer, para onde ir e dizendo que teria a bb com o plantonista, caso não se acertasse com nenhum médico. Detalhe, médico fofo cobrando muitos mil por fora do convênio.
Bom, com esse valor, fui obrigada a dizer que ela teria uma equipe humanizada completa, com direito a comer e beber quando quisesse, se movimentar, ficar no chuveiro, onde lhe desse vontade…enfim, teria liberdade de escolha.
Como, para algumas pessoas, o universo conspira de tal forma que não tem como negar a existência de algo maior, calhou de Gisele, doula de Sorocaba, estar em casa na quinta-feira (a revolução toda ocorreu na terça e quarta mais ou menos).
Eu a fotografei pela manhã e pedi que passassem e casa à tarde, assim eu e a Gisele, doula, poderíamos conversar com ela. Mostramos vídeos, fotos… ela assistiu e ouviu tudo atentamente, ao lado da mãe. No dia seguinte, ou à noite do mesmo dia, nem lembro mais, enviei o pequeno trecho do documentário O Renascimento do Parto. Pronto. Márcio Garcia convenceu a moça! Ela nos manda mensagens, na madrugada do sábado, falando que a bb estava chegando e que mudaria de médico – mesmo que o dela retornasse da viagem a tempo ela passaria com a Priscila (mesmo sem a conhecer pois não tinha dado tempo de marcar consulta).
Dra. Priscila, prontamente, se propôs a atendê-la, dra.Otília no time, eu de doula-fotógrafa e a Gi como doula oficial. Pronto. Time completo! restava saber se a menina ia aguentar o tranco pois era muita informação para ela processar assim, de repente – confesso que não é fácil.
No sábado, depois dela conversar com a Gisele doula, super maridão aparece em casa as 11 da noite e leva emprestada minha bola de pilates e meu livro parto ativo…rá, como se fosse dar tempo dela ler algo!! 🙂
De sexta pra sábado e de sábado para domingo, pródromos a noite inteira, de forma que ela não pregou o olho durante as duas noites.
Domingo pela manhã fomos para lá, eu e a Gisele, contrações de 6 em 6 minutos, menina cansada, marido e mãe da barriguda tão empoderados quanto ela. 🙂 Cenas lindas para ver e registrar… o casal, numa sintonia só deles, se preparando para a chegada da filha, ela se concentrando, ele massageando… Gisele providenciou a música suave ao fundo, e uma profusão de aromas no ar…canela, tangerina…
A Aline, numa conexão absurda com seu corpo, se entregou de uma forma que me surpreendeu…juro, não imaginei que ela teria esse equilíbrio todo.
E passa o dia, e entra a noite e ela lá… na lida. Para a coisa ficar mais tranquila, a parteira Karina, de São Paulo, vem para Indaiatuba rapidinho. Examina. Cerca de 6 cm, bb bem. Esperamos. Qdo ela chegou aos 8, algumas horas e muito chuveiro depois, fomos p/ maternidade de Campinas.
Na madrugada, Ana Beatriz chegou ao mundo da forma mais humanizada possível, num parto de cócoras, sem intervenções, com uma mãe mega empoderada no último minuto do segundo tempo.
Eu e Gisele, voltamos pra casa com aquela sensação absurda de dever cumprido e me sentindo muito, mas muito feliz, por ser tão intrometida de vez em qdo e conseguir, em tão pouco tempo, mostrar a uma mãe o quanto ela pode ser poderosa e quão linda pode ser a recepção do seu filho, sem violência, com muito carinho e com muito, muito respeito.
Um parágrafo especial ao pai, à mãe e a Amanda, irmãzinha maluquinha da Aline, que apoiaram incondicionalmente todas as decisões que ela tomou, ajudando no trabalho de parto e sendo pacientes no momento mais crítico do TP, que foi a longa fase latente. Ficaram lá, quietinhos, ajudando com massagens, com olhares, sem questionamentos, sem cobranças…
Perfeito.
E ali eu vi nascer uma mãe, um pai, uma família.
Kelly Stein, fotógrafa, apaixonada por partos
www.kelstein.com
Tá bom, já me conformei, o jeito é tomar muita água de coco antes de ler esses relatos para nao desidratar, e chorar largado mesmo, de alegria e emoção! hehehe Felicidades e bençãos a nova família