Erica entrou em contato comigo em 09 de fevereiro. Estava com 26 semanas. Foi em agumas reuniões do MAHPS e nos encontramos algumas vezes. Sua mãe Suzana, maravilhosa, sempre junto e apoiando. Sua irmã Aluá, foi numa reunião do MAHPS e também estava presente no sábado que antecedeu o nascimento de Amora, quando fizemos a despedida da barriga.
O maridão, Bruno, trabalha no Rio de Janeiro, então só esteve numa reunião do MAHPS. Mas como ele estava bem! Apoiando, super tranquilo. Confesso que fiquei muito feliz quando o conheci. Erica e Bruno estavam muito alinhados e juntos na decisão de trazer Amora da forma mais natural possível 🙂
Estive em Itapetininga duas vezes, cidade onde ela mora. Suzana sempre me recebeu com muito carinho. Como foi boooom compartilhar do café da tarde e do jantar com aquela família. Muito obrigada pela recepção calorosa! 🙂
Tudo caminhava perfeitamente….
Tivemos o ultimo encontro no dia 05 de maio. Escalapés, relaxamento, massagem, carinho, uma janta especial preparada pela Suzana, mãe da Erica.
Foi tão gostoso! Depois disso a Erica até sumiu da internet. Ficou mais quietinha, na dela. Na terça fui dormir pensando nela, mandei um recadinho. Na quarta acordei pensando nela denovo. Ela estava quieta, e eu achei que ela podia estar em trabalho de parto. As 6:30 da manhã, estava indo pra USP mandei uma mensagem pra ela no Facebook perguntando se estava tudo bem…. As 08:30 ela respondeu: “Oie… ontem não senti nada além do sumiço do meu umbigo, hehehe… mas hoje umas 6h acordei com prodromos de novo, igualzinho aquele dia… 7:15 fui pro banho pra aliviar e saí não faz mto tempo… as cólicas continuam aqui, vou anotar ver se tem ritmo… mas nenhuma passa de 30 segundos. “Qualquer coisa te ligo, fica tranquila aí em sp! rs”. Continuamos conversando, perguntei frequência e duração das contrações, e as 09:15 quando ela me disse que estava de 4 em 4 minutos, durando 45″ saí correndo da USP. Ela ainda disse que não era, que se fosse ela me avisava, etc, etc…. ai ai… essas mulheres poderosas! rsss
As 09:30 liguei pra Giovana, obstetriz que mora em Itapetininga, cidade onde ela mora. Já tinhamos combinado na ultima visita que a Giovana iria avalia-la antes de irmos pra Campinas. Giovana ligou pra Erica, que disse que ainda não precisava de avaliação. Quando Erica saiu do chuveiro, ligou pra Giovana ir lá, viu que realmente estava engrenando, acho que ali ela começou a acreditar que era mesmo trabalho de parto. Cheguei as 11:30 em Sorocaba e elas ainda estavam em Itapetininga! Então decidimos que ao invés de eu ir pra Itapetininga nos encontraríamos em Campinas, porque seria mais rápido. Giovana avaliou e Erica já estava com 6 cm de dilatação. O trabalho de parto evoluiu muito rápido durante o trajeto para Campinas. Giovana foi junto com Erica para Campinas. Mantive contato com a obstetra e com a Giovana por telefone o tempo todo. Eu e Kel (a fotógrafa) chegamos na maternidade de Campinas junto com a obstetra. Quando a Erica chegou fomos recebe-la ainda la fora. Ajudei-a a sair do carro e dei um abraço forte nela. Eu esperava ouvir: “Ai Gi que bom te ver!!” rssss – sabem o que ela disse? “Ai que alivio ficar em pé” risos.
Ela já estava na partolandia. Era nitido. E ainda sim conseguiu falar: “To de pijama, descabeladaaaaa”… risos. E eu disse que ela estava linda. E estava mesmo. Estava com aquela aura que mulheres em trabalho de parto ficam.
Boca aberta, olhos fechados, entregue. Veio mais uma contração. Ela se pendurou no meu pescoço e deixou a onda passar… estava totalmente entregue. A obstetra, a fotógrafa, a mãe, a obstetriz, todos só olhavam com carinho e esperavam a onda passar. A recepção inteira da maternidade parou para olhar. A obstetra entao avisou a atendente que iria subir para o centro obstétrico e que depois a mãe dela desceria para fazer a internação. Erica sussurrou no meu ouvido “Gi, o Bruno…..”. O Bruno, pai da Amora estava no Rio, a caminho para o parto. Todos nós sabíamos que a possibiliade dele não chegar para o parto era grande, mas Erica tinha visualizado esse momento muitas vezes, idealizando um trabalho de parto lento, para que ele pudesse chegar. E ao contrário, o trabalho de parto estava evoluindo super rapido.
Tentei conforta-la, disse que ele estava vindo e que logo estaria com ela. Mas sabia que não daria tempo dele chegar para o parto. Mais alguns passos e alcançamos o elevador que dá acesso ao quarto andar, onde fica o centro obstétrico. Mais uma contração. Com uns dois minutos de intervalo da ultima. Ou menos. Erica novamente agarrou no meu pescoço e soltou o corpo. Deixava a onda invadir seu corpo, deixava que a onda agisse. Se entregava. Sem lutar com a onda. Emitia os sons de quem está na partolandia.
A viagem até o quarto andar parecia eterna. Em camera lenta. Finalmente chegamos. Fomos direto para o CO. Eu e a Erica apenas. Todos os outros foram se paramentar. Erica de novo falou do pijama… risos. Assim que a Mariana chegou fui me paramentar. Coloquei a roupa rapidinho e voltei pro CO. Erica pediu um chuveiro e Mariana disse que iria avalia-la e que se desse tempo iriamos pro quarto para o chuveiro. Então durante o exame, na banqueta de parto, Erica perguntou: Com quanto estou? e Mariana respondeu sorrindo: “com quanto vc acha que está?”. Erica apenas balançou a cabeça com um “não” e a Mariana respondeu : “Vc está com total!!!!”. Erica riu! Era só sorrisos!
Perguntei pra Erica se ela queria que eu colocasse a música que havíamos combinado ela apenas afirmou com a cabeça. Coloquei. Dançamos. A obstetra fechou a persiana deixando o CO com menos claridade. Kel ensinou a Suzana a fazer massagem na lombar a Erica. Giovana e Mariana observavam. Não sei ao certo quanto tempo se passou. Parece que foi um longo tempo, me senti na bolha junto com a Erica. Mas logo Erica começou a fazer o som de quem está com puxo. E estava em pé, dançando comigo, e em cada puxo acocorávamos juntas.
Não lembro se fui eu ou a Mariana que sugeriu pra ela se tocar e ver onde estava Amora. Ela não hesitou, devagar, com cuidado se tocou. Derepente seu corpo inteiro relaxou e ela riu, quase uma gargalhada. Amora estava ali. Na ponta do seu dedo ela podia senti-la. Era o momento. Faltava muito pouco.
Alguém pegou um espelho enormeeee do banheiro e posicionou na frente da Erica, que conseguiu ver a Amora coroando. Ou melhor, a bolsa aparecendo. Sim, Amora viria na bolsa! Quanta emoção!!!
Otilia, a pediatra chegou de mansinho e fez um oi… Com aqueles olhões azuis, ficou ali so
rrindo e esperando. Estava realmente uma aura especial naquele momento.
Eu realmente preciso de ajuda pra lembrar de tudo. Eu estava muito inserida nesse parto pq o Bruno não tinha chegado, e como eu estava atrás da Erica eu não lembro dos detalhes pra escrever esse relato. Quando ficamos de fora, é mais fácil. Mas esse além de ter sido muito rápido, eu estava ali junto com a Erica, lembrando-a de respirar profundamente e relaxar, soltar, deixar a Amora vir. E não me atentei ao resto que estava acontecendo.
Foram algumas ondas, algumas contrações e alguns urros. Erica não gritou. Apenas urrou, visceralmente em cada contração. Até que Amora veio inteira para as mãos da Mariana. Lágrimas de emoção rolaram pela face de todos que estavam naquele centro obstétrico. Erica era só alegria, ria, ria, ria. Amora foi direto ao peito, ainda conectada á sua mãe pelo cordão. Ajudamos Erica a tirar a sua camiseta para que sua pele ficasse em contato com a pele de sua filha. Foi lindo.
Sugeri que a Suzana sentasse onde eu estava, assim poderia ver Amora de pertinho. E então trocamos de lugar.
Erica e Amora ficaram ali, namorando, se reconhecendo….. era tão profundo, e derepente lembrei de colocar a música que Erica havia gostado em um de nossos encontros: Reconhecimento. Era exatamente aquilo. Elas estavam se reconhecendo.
A Vovó ficou ali, atrás da Erica e nós todos babando, apenas observando aquela duplinha apaixonada….
Após algum tempo, o cordão parou de pulsar, a obstetra clampeou e pediu pra vovó segurar a netinha para Erica ir pra cama para verificar o períneo.
Então Érica fez uma cara muito peculiar, uma expressão de prazer mesmo, e a placenta veio. Foi só alegria esse parto. Depois que a placenta veio, Erica foi receber os cuidados da obstetra, verificação do períneo e Amora foi avaliada pela pediatra, ali mesmo na sala onde Erica estava. Vovó acompanhou tudo de perto!
Amora ficou muito tempo ali no peito da mamãe, só sentindo o cheirinho, lambia, cheirava. Ela nasceu com os labios vermelhinhos, linda, doce, delicada como uma amora 🙂
Ahhhh e porque Ananda? Porque Ananda é o nome que Amora foi registrada, papai Bruno achou melhor escolher um nome que não fosse de fruta, né Bruno? hehehe
E chega de escrever…. senão vira outro livro…risos. Deixa a Erica escrever o relato dela, que estou louca pra ler!! E também estou louca pra ver o filme que a Kelly Stein vai montar, né não?
Erica, muuuuuuuuuuuuito obrigada por ter me convidado pra ser sua doula, e permitir que eu acompanhasse esse momento tão unico e especial da sua vida! Adorei querida, já tenho saudades dos nossos papos via internet! hehehe e do café da sua mãe maravilhosa tb!
Amora chegou cercada de amor, ôoooo menina de sorte!
Aqui Amora no colo da mamãe Erica com a equipe (da esquerda pra direita): Gisele Leal (doula), Giovana Fragoso (Obstetriz), Mariana Simões (Obstetra) e Otília (pediatra). Faltou sair na foto a Kel Stein (fotografa hehe) e a Suzana Azevedo (vovó) que estava ligando pro papai Bruno avisando que Amora havia nascido! 🙂
Um parto lindo, uma família linda nascendo… momentos assim ficam para sempre na memória da gente, não importa quantos nascimentos a gente acompanhe, cada um é único, inesquecível! 🙂 Érica, obrigada por dividir esse momento tão especial comigo, com a Gi… obrigada de coração. 🙂
E Gi, prazer imeeeenso estar com você também! #teamo#
Beijocas,
Ai aiiiiiiii a doula ainda esta ocitocinada! Tb amo vcs girls! 🙂
Gi, parabéns pelo site, os relatos são lindos. Bjos.
Acredito que voce consegui captar toda a beleza deste parto. Foi maravilhoso.