Fiquei muito feliz e emocionada ao abrir meus emails hoje pela manhã e deparar com um relato tão intenso em minha caixa postal. Patrícia, minha querida doulanda que pariu Francisco há quase um mês, ecreveu seu relato de amamentação que agora, divido com vocês!
Obrigada Patricia Damico, por conseguir em meio aos cuidados de dois filhos, um tempinho para escrever e deixar registrada sua participação na SMAM 2011!
Por Patrícia Damico
AMAmentar é TUDO DE BOM!
Amamentar, por muito tempo, foi um assunto doloroso demais. Sempre que rolava esse assunto, eu tentava fugir… Fugir do assunto, fugir de mim, fugir da sensação de fracasso.
Logo que meu primeiro filho Enzo nasceu, de uma cesariana, só pude pega-lo no colo depois de três dias, devido a um desconforto respiratório. Isso prejudicou e muito a amamentação, já que davam NAN pra ele e eu não conseguia tirar leite na bomba.
Vim pra casa achando que iria ser um comercial de margarina, ele simplesmente iria pegar meu peito e seriamos felizes para sempre. Mas foi um verdadeiro pesadelo.
Ele não pegava o peito nem por um decreto, chorava a madrugada e o dia inteiro, eu tentava todas as posições imagináveis e nas raras vezes em que ele pegava o peito ou já estava exausto e dormia ou não sabia o que fazer com o bico na boca.
Aquilo me matava por dentro, a sensação de fracasso, de não me sentir mulher, mãe…
Na época, eu não sabia que teria o apoio do banco de leite da minha cidade, não tinha uma boa pediatra e não tinha quem me ajudasse… Não tinha informação.
Daí para o leite artificial foi questão de poucos dias.
Enzo hoje é forte, saudável e lindo… Mas queria ter feito mais e melhor por ele. E isso nunca mais vai voltar. Isso vai ficar marcado em nós para sempre. Sim, ficará marcado em mim e nele.
A cobrança na minha segunda gravidez foi intensa… O tempo todo rolava alguma piada ou eu mesma me cobrava, achando que talvez não fosse uma fêmea de verdade, que eu vim com algum defeito de fabrica.
Esse tipo de coisa vai minando a sua autoconfiança.
A gravidez passou sem eu ter nenhum sinal de colostro. Só na última semana que apareceu alguma coisa, mas foi pouca coisa. E eu ficando preocupada, pois passavam várias coisas na minha cabeça, achava que o leite poderia demorar a descer e eu ter que dar LA novamente, que eu não teria bico, que ia ser difícil…
Mas dessa vez, eu já estava decidida a me informar sobre o funcionamento do banco de leite e tinha uma pediatra que era totalmente a favor da amamentação.
Então se houvesse dificuldade, eu teria algum suporte, e também podia contar com a ajuda da net.
Com isso fui tentando parar de me sabotar, sim, porque agente se sabota a partir do momento em que deixamos de acreditar no nosso corpo, na nossa vontade.
Me informei muito, fui ficando mais tranquila, e comecei a acreditar que era uma FÊMEA como qualquer outra e que era capaz de alimentar a minha cria.
Fui pesquisando e descobri também que é necessário empoderamento. Sim, porque você precisa entender e acreditar na amamentação para que ela dê certo, Não é chegar por o peito na boca do bebê e dizer: Mama aí cara!
Muitas mulheres tem dificuldade para estabelecer a amamentação, mas isso não quer dizer que é impossível, só quer dizer que o começo pode ser cansativo.
Também descobri que a via de parto é fundamental não só para a saúde da mãe e do bebê como também para a amamentação. Já que a ocitocina trabalha para a descida do leite.
E assim, Francisco nasceu de parto normal. E não quis mamar no primeiro momento. MAS, ficamos lá, nos sentindo por um bom tempo, nos conhecendo, nos olhando e foi mágico, lindo, perfeito, poder pegar a minha cria e limpa-la foi a melhor coisa que já fiz na vida.
Tirei minha blusa, a essa altura, começando a suar frio, e falei: Vai dar certo! Tem que ser agora!
E foi. Foi perfeito. Ele pegou meu peito como se tivesse passado os 9 meses sem comer nada na minha barriga. Foi divino. Sensacional. E ele me olhava, com aqueles olhinhos de quem sabe o que faz, de que sabe que a natureza é perfeita, que é só deixar o corpo trabalhar. É instinto.
A sensação de alimentar o meu filho, como esforço do MEU corpo é incrível. Eu me sinto tão poderosa, tão mulher, tão MÃE!
Sei que muitos fatores contribuíram para que tudo desse certo.
Primeiro: a minha vontade;
Segundo: a via de parto;
Terceiro: informação.
Hoje sei que toda mulher, salvo alguns casos, pode amamentar.
Hoje sei que não existe leite fraco, que peito pequeno não quer dizer pouco leite, que só porque não amamentei o primeiro filho, não quer dizer que não posso amamentar o segundo e o principal: Hoje eu sei o q é ser fêmea de verdade.
Por isso se há um conselho que eu possa dar a uma gestante é: Busque informação. Porque isso é e foi essencial. Se informe, se empodere e tenha calma, porque você pode amamentar.
E é bom demais. E pode ser fácil. E pode ser calmo. E você PODE!