Muitas pessoas me perguntam se meu parto (previsto pra algum dia de julho) será desassistido. Já me fiz essa pergunta várias vezes. Leio relatos de partos desassistidos e vou a êxtase! Como é bonito ver a confiança que as mulheres têm em seu próprio corpo, sobre o processo e como bancam qualquer desfecho.
Eu pari após 2 cesáreas, mesmo estando num momento emocional delicado devido a toda luta que foi achar uma equipe, devido ao diagnóstico de diabete gestacional. Confio muito no meu corpo, vivenciei e conheço o processo. Sei o quanto é seguro parir em casa! Então por que não um parto desassistido agora que estou muito mais confiante do que antes, que a glicemia está sob controle, que tenho muito mais informação, e ainda a experiência como doula para somar?
Poderia responder com o doula e ativista, mas deixarei para falar sobre a segurança do parto domiciliar do ponto de vista das evidências científicas em outro momento. Vou falar como grávida, como mulher, como mãe.
O que me encanta em um nascimento domiciliar é o parto como um evento social, familiar. O parto em casa me remete ao passado, às mulheres cuidando da parturiente, aos lençóis brancos, às bacias de água quente, à espera, ao cheiro, à luz, ao som da casa.
Momento de entrega da mulher, de conexão com seu próprio eu, com seu instinto mais primitivo e ancestral.
E é exatamente aí que eu queria chegar. Exatamente por isso eu não desejo um parto desassistido.
Tive uma formação extremamente racional, controladora, dominadora. Quando a Catharina nasceu, consegui parir quando me desliguei totalmente do que me rodeava e mergulhei profundamente no meu eu. Deixei o racional de lado e pude ser puro instinto. Sons, movimentos, gemidos, guturais como num ritual conhecido, porém novo para mim. E eu só me permiti dar esse mergulho porque estava sendo cuidada. Pessoas que mesmo caladas cuidavam de mim, olhavam por mim, cuja simples presença me permitiu mergulhar na imensidão escura e infinita do meu próprio ser.
Os vídeos de parto desassistido que eu vi mostram mulheres fortes, com o domínio da situação. Conscientes.
Eu não quero estar consciente. Quero estar completamente entregue, inebriada ao coquetel do amor.
Quero sentir apenas. Sentir meu bebê descendo cada milímetro, sentir a mão do meu companheiro, e sua respiração no meu ouvido. Sentir a água quente batendo nas minhas costas. Não importa se ela vem do chuveiro, ou de uma caneca.
Sentir o cheiro da minha casa, dos meus filhos.
Ouvir a voz da minha doula, ouvir o coração do meu bebê vindo do sonar da minha parteira.
Quero poder fazer essa viagem, de olhos fechados, sem me preocupar em olhar onde estou pisando.
Quero ter a certeza de que se houver um buraco à minha frente minha parteira irá, delicadamente, me desviar dele.
Quero ser parte do processo, emaranhar-me em todo fluxo de energia que será emanado desse e para esse momento.
Não quero controlar o processo e pensar se estou dilatando ou não. Se estou no expulsivo ou não. Não quero me preocupar se vou lacerar. Se tiver que lacerar que lacere!
Não quero pensar se está perto ou longe o momento de ter meu bebê nos braços.Deixo isso para a equipe.
Quero adormecer, mas não totalmente, quero viver esse transe profundo que é mergulhar dentro da própria [in]consciência.
Quero ser cuidada. Acolhida. Admirada.
Estar pronta, exausta, exaurida, entregue quando sentir o círculo de fogo queimar. Será o sinal que é hora de retornar para a realidade paralela e dizer um adeus à partolândia.
Aí sim estar consciente para protagonizar o meu momento. Tocar a cabecinha coroando e lhe fazer um cafuné.
Estar consciente para pegar essa criança tão desejada e esperada. Sim quero pega-la. E ser a primeira a olhar o meu presente. Cada centímetro de seu corpinho. Olhar demoradamente em seus olhinhos. E ser essa minha unica preocupação. Deixo para a equipe todo o resto, e fico com o melhor de tudo envolta pela bolha.
Só por isso, não desejo um parto desassistido.
Gi! Lindo e me fez pensar como cada mulher é única! Eu desejei um desassistido exatamente pelas razões que vc listou: estar entregue totalmente, estar submersa nas emoções, sensações, cheiros, cores, dores. E para mim não cabia equipe, não cabia ninguém. Qualquer pessoa que estivesse lá me tiraria do transe Não tive coragem falar: vou para um desassistido e tchau equipe. Mas no plano de parto mandei a equipe ficar fora, de longe kkkk No fim vc sabe como acabou! Se eu fosse ter outro filho (ou se eu for ter outro filho kkkk) com certeza será desassistido, porém com alguém de sobre aviso. Alguém que eu possa ligar caso sinta que quero alguém me olhando!
Depois de 1 hora de TP, quando estava no chuveiro e as dores começaram a apertar eu pedi que o Rafa avisasse a GO. Engraçado que eu tinha me comprometido comigo mesma para não me sabotar. Eu tinha me comprometido a ligar assim que identificasse o TP. E foi nessa hora que eu achei que precisava avisar que eu estava em TP, apesar de estar a apenas 1 hora com contrações!!! Acho que nessa hora, se ue tivesse planejado e combinado um desassistido eu entraria em um certo pênico, pois só de saber que a GO sabia que eu estava em TP já serviu de conforto para mim!
Mas na hora do expulsivo, quando senti a cabecinha do meu bb surpresa, a única coisa que eu pensava entre as contrações era “que a Marilena não chegue agora!” Pois eu sabia que estragaria toda a mágica!
Mas é lindo ver como cada mulher permite essa entrega de um jeito. Eu jamais seria capaz de tanta entrega com mais gente comigo! Mesmo que fossem pessoas que eu super confiava!
bjs!!!! E não vejo a hora de ler seu próximo relato kkkk (nem nasceu e já quero ler o relato kkk)
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh que lindo Larissa!!!!! Viu só? somos muito parecidas pero no mucho! rsss
Obrigada pelo carinho! E sim, espero ter um relato lindo como vc teve pra contar! 😉
beijos beijos
Eu sempre que vejo um video de desassistido quase morro de feliz! Por outras vezes vejo que a coisa pode fugir do controle e o bb não nascer bem.
Acho que hoje, o que eu gostaria MESMO é de ter uma parteira invisível. Uma que não fale nada pra mim, que fique dormindo o tp inteiro. Hahahahaha
Só quero uma ali pra ter certeza de que ela vai cuidar da coisa de ser merlin!
O resto, quero fazer sozinha. Eu e minhas doulas!
Acho que uma equipe invisível é uma opção bem bacana sim Pati!! 😀
Eu apoio !! Parabens Gisele! Nem sabia que voce estava gravida! O meu ultimo parto (desassistido planejado) foi muito incrivel!! Faria exatamente a mesma coisa em mais uma gravidez!! Beijos!