Parto

Diabetes Gestacional. E agora?

By 29 de novembro de 2019fevereiro 10th, 2021No Comments
Foto Kelly Stein, Parto da Sophia

Diabetes Gestacional. E agora?

Se você, foi diagnosticada com diabetes gestacional (DMG), saiba que a primeira conduta é fazer um ajuste na sua alimentação e começar a prática de exercícios físicos. Em casos de diabete pré-gestacional onde já se fazia o uso de hipoglicemiantes, a conduta e a dose poderão ser ajustadas pelo profissional.

No entanto, muitos profissionais ainda têm a prática de tirar da gaveta aquelas dietas padronizadas que são iguais para todas as gestantes, sem individualizar cada caso. E pior, uma dieta prescrita, lotada de alimentos light e diet, que ao invés de contribuir para o controle glicêmico, podem até agravar o quadro.

Na contramão do que muitos profissionais fazem, uma dieta anti-inflamatória, bem equilibrada, individualizada e prescrita por uma boa nutricionista aliada à prática de exercícios físicos pode contribuir muito para o controle glicêmico e na maioria das vezes pode evitar que seja necessário entrar com terapia de insulina.

Mas como assim, dieta anti-inflamatória?

Em geral os produtos alimentícios ultraprocessados, industrializados, lotados de corante, conservantes, adoçantes fazem parte da dieta da maioria das pessoas, e esses “alimentos” justamente por terem tantos aditivos, se tornam altamente inflamatórios, podendo causar desde uma enxaqueca recorrente, ganho de peso, indisposição e até contribuir para o aumento da resistência à insulina. 

A insulina é um hormônio responsável por controlar a glicemia em nosso corpo. Quando uma pessoa está resistente à insulina, as células do corpo não respondem normalmente a esse hormônio e portanto a glicose tem dificuldade em penetrar nas células e, por isso, se acumula no sangue.

Quando a mulher fica grávida, é fisiológico e esperado que ela fique um pouco mais resistente à insulina, pois além da  insulina ser um hormônio anabólico que vai contribuir para que o feto cresça e engorde o suficiente para poder nascer a glicose presente na circulação materna vai alimentar o feto através da placenta. Se a mulher grávida já fica fisiologicamente mais resistente à insulina, e se produtos alimentícios industrializados são altamente inflamatórios e logo, aumentam ainda mais a resistência à insulina, uma gestante que tenha uma dieta baseada em produtos alimentícios industrializados pode ter maior facilidade em desenvolver um quadro de diabetes gestacional ou agravar o quadro se essa gestante já era diabética antes de engravidar.

Por isso, se você está grávida ou pensa em engravidar é altamente recomendado fazer uma super avaliação dos seus hábitos alimentares para que você possa viver uma gestação saudável, e reduzir o risco de desenvolver uma diabetes gestacional ou agravar um quadro de diabetes que já existia. Se pra você é difícil adotar uma alimentação baseada em “comida de verdade”, ou seja – alimentos sem código de barra, sem rótulos, que é o melhor caminho para uma gestação, parto e pós-parto saudáveis, procure uma boa nutricionista para ajudar na elaboração de uma estratégia que facilite esse processo. Desconfie de profissionais que incluem na elaboração da estratégia alimentar produtos industrializados, diet e light.

A boa notícia é que mesmo que a mulher já tenha diagnóstico de diabetes (antes ou durante a gestação) é possível, com um bom controle e com abordagem terapêutica correta ter uma gestação e parto tranquilos.

Profissionais que adotam sua conduta com base nas evidências científicas mais recentes, sabem que o fato da gestante estar diagnosticada com diabetes, não justifica agendar uma cesárea.

Algumas vezes, pode ser necessário antecipar o parto para melhorar os desfechos, mas a indução do parto deve ser a primeira escolha para antecipar o nascimento, sempre que necessário. 

Segundo o protocolo da American Diabetes Association (ADA, 2019), indicado pela CNE de Hiperglicemia e Gestação da Febrasgo:

“Nas mulheres com DMG bem controlado, usando apenas dieta e exercício (DMG, classe A1), o parto não deve acontecer antes das 39 semanas de gestação, mas também não deve exceder 40 semanas e 6 dias, pois há risco de crescimento exagerado do feto, dificultando o parto vaginal; 

  • Para mulheres com DMG bem controlado, mas usando medicamentos (DMG, classe A2), o parto é recomendado no período entre 39 semanas (39 e 0/7) e 39 semanas completas (39 e 6/7), não devendo ultrapassar 40 semanas de gestação; 
  • Para mulheres com DM prévio (DM1 ou DM2), o objetivo é atingir o termo da gestação (37 semanas), preferencialmente, chegar a 39 semanas, desde que o quadro clínico e o controle glicêmico maternos e o peso fetal estejam bem controlados”.

O acompanhamento pós parto também é super importante e necessário. Um bom acompanhamento vai contribuir tanto para a saúde da mãe quanto o bebê. 

Aqui a gente explica e mostra que é  possível. Essa foto é do meu parto, nascimento da minha 3a filha.  Fui  diagnosticada com diabetes gestacional na 3a gestação, recebi conduta individualizada, o que possibilitou um controle glicêmico durante a gestação e minha filha nasceu de parto natural após duas cesáreas. Desde 2010 trabalho com gestantes e assistência ao parto (como doula e orientadora perinatal) e a partir de 2020 atenderei exclusivamente como parteira/obstetriz, tanto partos hospitalares quanto domiciliares.

Está grávida? Gostaria de um acompanhamento individualizado com uma abordagem terapêutica eficiente elaborada exclusivamente para você? Aqui no Espaço Mulheres Empoderadas podemos recomendar profissionais que poderão contribuir para que você construa uma experiência positiva de gestação, parto e pós parto. Entre em contato (19) 9-8102-0880. Participe de nossas atividades.

Texto: Gisele Leal – Revisão: Priscila Huguet

Fonte: Diabetes Gestaciona, FEMINA 2019;47(11): 796-804

#GestaçãoSaudável #DiabetesGestacional #ResistênciaaInsulina #alimentaçãonagestação #estratégianutricional #mulheresempoderadas #partonatural #partoativo #partohospitalar #partonormal #cesareanecessária #parteira #doula #obstetriz

Leave a Reply