“Contrate uma doula e chegue parindo”.
Esse é o “conselho” que mais vejo nos grupos virtuais do Facebook, quando uma gestante diz que quer um parto normal mas que não pode pagar a equipe.
Será que é isso mesmo? Basta contratar uma doula?
Que tal fazermos uma analogia com um maratonista. Ele entra num grupo virtual de corredores, e diz: “quero correr”. E então chovem conselhos: teu corpo foi feito para correr! Confie nele! Correr é fisiológico!! Contrate um personal trainer, e chegue correndo no dia da maratona!
Quais as reais chances que este aspirante a maratonista tem de vencer esta maratona?
Ele tem as mesmas chances que qualquer outra pessoa que tente correr e esteja nas mesmas condições físicas e emocionais que ele: com ou sem personal trainer. O personal trainer vai ser importante para acompanha-lo na corrida (ou o técnico) desde que este maratonista tenha se preparado. E hoje, no Brasil, parir é como uma maratona. Não basta querer. Não basta ser fisiológico. Não basta, na maioria das vezes, que nosso corpo tenha sido feito para parir. E não basta ter uma Doula no dia do parto.
A Doula, está para a gestante, assim como o técnico está para o maratonista.
Ela pode dar informações, mostrar caminhos, munir a gestante com ferramentas que a ajudarão na preparação para o parto. E pode estar com ela no grande dia. Mas nem sempre, contratá-la é suficiente.
Por traz dessa afirmação: “contrate uma Doula e chegue parindo”, há ainda algumas fantasias subliminares que muito preocupam às ativistas do parto e nascimento humanizados.